Às vezes me sinto como um religioso diante de um
confessionário escrevendo aqui, imagino que o cidadão que se senta naquele
banco para contar suas agruras ao Padre tenha um misto de satisfação e medo
diante dessa situação.
A satisfação por colocar alguns sentimentos para fora, já
que devemos admitir que ninguém consegue manter tudo guardadinho dentro de si
por muito tempo, por mais reservado que se tente ser, chega o momento em que ou
a gente externa o que realmente pensa ou se afoga num mar de ideias. Minha
mente é uma máquina em operação 24 horas por dia, cheia de pensamentos infames
que me rondam como um feroz e dedicado algoz, portanto, se eu não conseguir
despistá-lo por alguns momentos, serei vítima fatal de insanidade cognitiva.
Mas por outro lado, há um certo medo, ou melhor há bastante
medo... Eu pessoalmente não lido bem, com pessoas, não tenho manejo social, e
me sinto incomodada com a sensação de estar sendo “julgada” pela população
leitora. Não é um receio das reações das pessoas, ou de seus julgamentos preconceituosos,
mas sim uma questão de ficar realmente (muito mesmo), incomodada com os olhares
das pessoas em minha direção, mesmo que virtualmente. Eu acredito que o cara,
quando se senta para contar os pecados ao Padre tenha lá no fundinho a
curiosidade e o receio em saber quais pensamentos estão passando pela cabeça do
confessor naquele momento. E é meio assim que eu me sinto as vezes, as pessoas
parecem me olhar como se estivem despindo todos os meus pecados num simples
“exame de vista”.
Sim esse texto é uma bobagem, aliás tudo é uma grande
bobagem: se vão julgar ou não, aquilo que pensam ou deixam de pensar, se vão
ler isso ou ignorar, as vezes leem o primeiro parágrafo por curiosidade, mas na
maioria das vezes param nas primeiras linhas, eu sei textos grandes dão uma
puta preguiça. Mas não importa, como aquele fiel que se senta em frente ao
padre para aliviar as culpas pelos pecados, eu já consegui escrevendo essas
linhas aliviar as pressões do meu dia!